segunda-feira, 18 de abril de 2011

O olhar das pessoas com Transtornos Alimentares



De olhos abertos sem enxergar!










→Distúrbios Alimentares

Os distúrbios alimentares são responsáveis pelos maiores índices de mortalidade entre todos os tipos de transtornos mentais, ocasionando a morte em mais de 10% dos pacientes.
A grande maioria - mais de 90% - daqueles que sofrem de transtornos alimentares são mulheres adolescentes e jovens. Uma das razões pelas quais mulheres dessa faixa etária são mais vulneráveis a esses transtornos é a tendência de fazerem regimes rigorosos para obterem a silhueta "ideal".
Falaremos de cada um deles agora. Leia com atenção e, ao se identificar com algum deles, procure um especialista.

Os três tipos mais frequentes de distúrbios alimentares

                         Anorexia Nervosa

Caracterizada pela recusa voluntária à ingestão de alimentos e pela preocupação do doente em manter-se excessivemente magro. Afeta principalmente mulheres adolescentes e pode levar à morte por inanição ou parada cardíaca. A maioria das pessoas anoréxicas evita alimentar-se em público, contabiliza as calorias das refeições, faz exercícios compulsivamente e mantém o peso corporal muito abaixo do desejado. O grande perigo está no fato de o anoréxico enxergar-se de forma distorcida, achando-se sempre gordo. Uma das conseqüências desse distúrbios é o aparecimento de atrofias irreversíveis no córtex cerebral. Na mulher, além da perda de peso, pode ocorrer amenorréia (ausência de menstruação) e no homem, impotência.

Causas:
  • Desgaste emocional.
  • Debilita os órgãos.
  • Provoca distúrbios associados à desnutrição.
  • Lesa o aparelho digestivo quando há vômitos constantes.
  • Provoca arritmias cardíacas.
Nas adolescentes, os principais sinais da anorexia são o enfraquecimento, a perda de peso visível e a ausência de menstruação.
 
Sintomas:
  • Preocupação excessiva com a alimentação. A pessoa passa a maior parte do tempo pensando no medo de engordar.
  • Sensação intensa de culpa e uma ansiedade desproporcional por eventualmente ter saído um pouco da dieta.
  • As pessoas dizem que você está muito magra, suas roupas estão cada vez mais largas, mas você não se acha magra e ainda quer perder peso.
  • Menstruação irregular, ou não existente.
Obs.: Se você se identificou com um desses tipos, consulte um médico psiquiatra ou endocrinologista.
As estatísticas revelam que 90% dos pré-adolescentes com problemas de bulimia e anorexia são filhos de pais obesos ou excessivamente preocupados em emagrecer.

Tratamento:
  • Reidratar o organismo, recomeçando a alimentação à base de soros e líquidos (o estômago reduzido por não comer a tempos não suporta alimentos sólidos).
  • Introduzir gradualmente alimentos pastosos até chegar aos sólidos.
  • A pessoa também vai precisar reaprender a conviver com os outros durante as refeições, entrar em supermercados, fazer compras, ir a festas, participar dos almoços com a família, enfim, voltar a lidar com o lado social da comida.
*Quanto à imposição, ela só é feita em casos que já estão muito graves, com perigo de morte (arritmia cardíaca, vômitos espontâneos). Para os demais casos ela deixou de ser recomendada porque tira o paciente da vida social, o que dificulta ainda mais a sua readaptação.
A psicoterapia é muito importante para a eficácia do tratamento. Através dela a pessoa vai alterar os hábitos adquiridos e voltou a comer.
É recomendado também que a família do paciente participe de sessões de terapia familiar em grupo para auxiliar a paciente em seu ambiente.

                        Compulsão Alimentar

Caracteriza-se pela vontade irresistível de ingerir uma grande quantidade de alimentos até o limite do desconforto físico. Por causa dos embaraços dessas "farras alimentares" constumam ser feitas a sós e costumam ser seguidas de sentimento de culpa e depressão. Pessoas com o transtorno do comer compulsivo constumam ser obesas, uma vez que seu ganho calórico é muito superior ao gasto. Além disso, esses doentes têm propensão a diabetes, hipertensão e doenças cardiovasculares.

Sintomas:
  • Comer em segredo;
  • Depressão;
  • Ingestão compulsiva e exagerada de alimentos;
  • Abuso de drogas e álcool.

Tratamento:
O êxito é maior quando diagnosticados precocemente. Precisa de um plano de tratamento abrangente, em geral, um clínico, nutricionista ou um terapeuta, para lhe dar apoio emocional constante, enquanto o paciente começa a entender a doença de uma forma de terapia que ensine os pacientes a modificar pensamentos e comportamentos anormais, que em geral, são mais produtivas.

                       Bulimia Nervosa

Assim como o comedor compulsivo, o doente de bulimia nervosa passa por surtos de ingestão excessiva de alimentos, mas, temendo engordar e para compensar os exageros, força uma "desintoxicação" por meio de vômitos, diuréticos e laxantes. Os bulímicos exercitam-se compulsivamente e, em geral, mantêm o peso corporal em uma faixa normal. Esse distúrbio pode causar insuficiência cardíaca, desgaste no esmalte dos dentes devido ao ácido clorídrico do vômito, inflamação no esôfago, desinteresse sexual e, em casos extremos, ruptura do estômago. Os transtornos alimentares são processos crônicos e complicados e sua cura não costuma ser rápida ou milagrosa. Por isso, quanto mais cedo se descobre um transtorno alimentar, mais chance de sucesso tem o tratamento que envolve o trabalho de médicos, nutricionistas e psicólogos. Além da orientação nutricional, terapias de grupos ou familiar podem ser úteis, desde que aliados à motivação, persistência e investimento por parte do doente e seus familiares.

Sintomas:
  • Interrupção da menstruação;
  • Interesse exagerado por alimentos e desenvolvimento de estranhos rituais alimentares;
  • Comer em segredo;
  • Obsessão por exercício físico;
  • Depressão;
  • Ingestão compulsiva e exagerada de alimentos;
  • Vômitos ou uso de drogas para indução de vômito, evacuação ou diurese;
  • Alimentação excessiva sem nítido ganho de peso;
  • Longos períodos de tempo no banheiro para induzir o vômito;
  • Abuso de drogas e álcool.
Personalidade: Pessoas que desenvolvem bulimia quase sempre consomem enormes quantidades de alimentos, geralmente sem valor nutritivo, para diminuir o estresse e aliviar a ansiedade. Entretanto, com a extravagância alimentar, surgem culpa e depressão.
Pessoas com profissões ou atividades que valorizam a magreza, como modelos, bailarinos e atletas, são mais suscetíveis ao problema.

Tratamento:
Quanto mais cedo for diagnosticado o problema, melhor. Quanto mais tempo persistir o comportamento alimentar anormal, mais difícil será superar o distúrbio e seus efeitos no organismo.
O apoio e incentivo da família e dos amigos podem desempenhar importante papel no êxito do tratamento. O ideal de tratamento é que a equipe envolva uma variedade de especialistas: um clínico, um nutricionista, um psiquiatra e um terapeuta individual, de grupo ou familiar.

Comer Compulsivo:

~Depoimento:

Tenho 19 anos, dos últimos 3 sofro de anorexia e bulimia. Hoje estava muito deprimida e resolvi tentar uma coisa nova: ler sobre pessoas como eu. Precisava acreditar que vale à pena continuar lutando contra esta doença e ler os depoimentos de pessoas que estão conseguindo me fez ter esperança de ter uma vida sem tanto sentimento. No início o impacto que senti ao ler as histórias de outras meninas foi tão grande que cheguei a ficar tonta, até agora não me sinto na minha melhor forma mas queria escrever um pouco do que acontece comigo. Em 98 comecei a vomitar e tomar laxante em parar e fui a diversos médicos que disseram que eu tinha gastrite. Iniciei um tratamento que não deu certo até que fiquei 2 semanas em um hospital porque ninguém conseguia descobrir o que havia de errado comigo. Fiz vários exames e o diagnóstico continuou sendo o mesmo. Fui avaliada pela Psicóloga do Hospital que falou que não era uma doença com causas psicológicas. Fui a uns 20 médicos até que meu clínico atual diagnosticou a anorexia. Eu não induzia vômitos, mas me sentia tão culpada ao comer que acabava vomitando sem ter consciência do que realmente estava acontecendo. Hoje faço terapia 2 vezes por semana e peso 51 kg, o normal para os meus 1, 62m mas já cheguei a pesar 39 kg. Agora tenho força física suficiente para lutar contra a doença, apesar de vomitar ocasionalmente. Mas me falta acreditar realmente que posso me curar. Parece que se eu sumir ninguém vai se importar. E me sinto muito sozinha, abandonada, como várias barras de chocolate por dia como se esta fosse a única maneira de ter algo "doce" na minha vida. E só me sinto pior com isso. Mas alguma coisa lá no fundo não me deixou desistir da vida até hoje. Decidi que vou deixar de tentar melhorar e agora vou ficar boa de vez. Eu sei como posso começar a fazer isso e só passar a fazer realmente. Escrever este depoimento foi o primeiro passo. Daqui a um mês espero poder voltar a escrever e mostrar como melhorei. Boa sorte para todos, e obrigada por escutarem o que eu tinha para dizer.

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